Sempre achei isso uma coisa caipira, no sentido pejorativo do termo. Mas entendo. Em um país em que há tão pouco tempo (em uma perspectiva histórica) reconquistamos o direito básico de podermos votar, vá lá que uma eleição – algo tão rudimentar em uma democracia (até no Irã) – seja motivo de “festa”, ao invés de ser entendido como um procedimento regular e corriqueiro, que deveria começar, aliás, com o próprio direito de não votar.
Por que essa fala neste blog? Digo isso porque me senti, essa semana, ridiculamente “em festa” por ver a pavimentação de uma calçada entre a via L2, à altura do Cean, e a UnB, discutida aqui há algum tempo (a 1ª foto). Ela está ainda em construção, mas me parece que será uma calçada bem feita, possivelmente igual a que desejei no tempo que ia a pé para a UnB, à época da graduação nos anos 80, e durante a Pós, na década seguinte. Uma calçada, depois de tudo arrumado para a circulação dos carros, na reforma da L3, começada há mais ou menos dois anos. Uma calçada, enfim.
Alegrei-me, como tenho me alegrado ao ver uma calçada chegando ao lugar onde trabalho (a 2ª foto). Uma calçada cuja pavimentação, aliás, está se aproximando de uma baia para ônibus, projetada para um dia o transporte público poder parar no lugar que estuda o transporte público (...!).
Depois me senti meio idiota. O tal caipira. Senti, nesse misto de sensações, raiva e vergonha da minha felicidade patética. Vergonha dessa minha alegria subdesenvolvida de ainda ter que comemorar a construção de uma calçada. De achar o máximo estarem fazendo, finalmente, um espaço para a mais antiga, básica e representativa das modalidades de transporte.