Parece que a bruxa andou solta nesta noite. No Rio, um motorista saiu da Av. Atlântica, atravessou ciclovia e calçada e foi parar na areia da praia de Copacabana, atropelando 15 pessoas (dado ainda a ser confirmado, mas acabo de ouvir que um bebê veio a falecer). Em Brasília, uma motorista atropelou um casal que fazia uma caminhada no Lago Norte matando os dois idosos e indo parar, seriamente ferida, no canteiro central da via, a EPPN - Estrada Parque Península Norte.
Não quero comentar os casos específicos que, obviamente, só serão esclarecidos depois das devidas apurações - qualquer juízo de valor a esta altura seria leviano. Mas quero focar nas circunstâncias que a imprensa vem noticiando: no caso do Rio, o motorista seria epiléptico e teria alegado ter sofrido uma crise ao volante; no caso de Brasília, embora ainda sujeito a confirmação por perícia técnica, o velocímetro do veículo travou a 120 km/h (atualmente, a velocidade da via está limitada a 60 km/h).
Portanto, sem personificar e apenas usando o que a imprensa vem falando sobre os dois casos, acho necessário e oportuno reforçar dois pontos: o primeiro (bastante óbvio mas ainda questionado por muita gente) é que velocidade mata. São as leis da Física. Independentemente de qualquer circunstância, para além do estabelecimento de limites mais moderados de velocidade (como foi o caso da EPPN recentemente), é preciso combater a cultura da velocidade.
O segundo ponto talvez seja menos claro, mas arrisco mesmo assim. Trata-se da compreensão de que conduzir um veículo automotor não é um direito natural das pessoas. Para exercer essa atividade, por si só complexa e arriscada, é necessário preencher condições muito restritivas, que nem sempre são claramente possíveis de ser prescritas nas leis. Estamos acostumados a discutir os limites do teor de álcool no sangue (ou, como proxy no ar dos pulmões), mas não debatemos outras condições que podem afetar nossa capacidade de perceber e reagir aos eventos que nos cercam quando estamos ao volante.
Seja por conta da idade, seja por conta das nossas condições de saúde, seja por conta de drogas (legais, muitas vezes medicamentosas) que consumimos, nossa capacidade de reação é fortemente afetada. E cabe a nós, só a nós, entendermos que NÃO estamos ou somos aptos a controlar uma tonelada de aço em determinadas condições. Isso não nos faz menores. Faz-nos, sim, mais responsáveis por nós próprios e pela coletividade.
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
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