quinta-feira, 30 de julho de 2009
Acostamentos: supressão x compartilhamento
Eduardo Biavati e o mototáxi
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Fluidez às custas da falta de segurança
Rodolfo Borges
Publicação: 29/07/2009 08:09 Atualização: 29/07/2009 10:01
O motorista brasiliense ainda não se acostumou às mudanças recentes em duas vias do Distrito Federal. A reforma da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) deve demorar para ser entregue - por falta de recursos -, mas a pista já perdeu alguns retornos para melhorar o tráfego. Contrariados, motoristas apressados insistem em inventar desvios pelo canteiro central. O problema é outro no trecho da DF-025 que liga o Núcleo Bandeirante ao balão do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. Lá, o acostamento virou uma terceira faixa, com a anuência do Departamento de Estradas de Rodagem do DF (DER-DF), expondo os motoristas a riscos.
"Optamos por aumentar a capacidade da pista", explica o diretor-geral do DER-DF, Luiz Carlos Tanezini. Os benefícios para a circulação mostraram seu contraponto no início desta semana. Na segunda-feira, a costureira Maria Lúcia da Silva Sousa, 50 anos, morreu em acidente na faixa que, antes do recapeamento, servia de acostamento. Ela estava no banco de trás de um Monza que, parado no antigo acostamento, com problemas mecânicos, acabou atingido por trás por uma caminhonete. "Por lei, uma rodovia de três faixas pode dispensar o acostamento", justifica Tanezini.
É permitido, porém, inadequado, ressalva o professor Paulo César Marques, especialista em trânsito da Universidade de Brasília (UnB). "Dispensar o acostamento é um risco alto. E, nesse caso, falamos de uma via que tinha o acostamento. As pessoas costumavam circular por ali contando com ele", completa.
Vias expressas sem acostamento são comuns na Europa, mas requerem um monitoramento intenso para evitar acidentes. "As sinalizações têm de ser dinâmicas e não temos estrutura para tanto", diz o professor.
Retornos
Com o acréscimo de uma faixa às duas que já existiam na Epia, o DER decidiu diminuir o número de retornos, também para melhorar a circulação. Mas a medida não tem sido bem-aceita por quem circula na via. "Antes, quem saía da Asa Norte já podia pegar um retorno. Agora, é preciso fazer a volta lá na frente", lamenta o motorista Airton de Souza, 42, que transita diariamente pelo local.
Não é raro encontrar veículos fazendo retornos irregulares (1)pela Epia. Eles transitam pelas passagens de brita feitas para as máquinas que trabalham na obra ou por caminhos de terra criados pelos próprios infratores. Ontem, a reportagem flagrou três veículos cometendo a infração em menos de 10 minutos.
A depender das expectativas do diretor-geral do DER, os motoristas terão de se acostumar com a redução dos retornos. "A meta é que eles sejam feitos nos viadutos da Epia. Por enquanto, talvez fique um ou outro, mas eles devem sumir progressivamente, e não apenas na Epia", planeja Tanezini. Os planos para a Linha Verde da Estrada Parque Taguatinga (EPTG) também preveem a abolição de retornos, que causam retenção e são responsáveis pela maioria dos acidentes em pistas rápidas.
As mudanças da Epia devem demorar mais do que o planejado para serem entregues. Segundo Tanezini, R$ 32 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal ainda não foram repassados ao DER, que toca a obra por conta própria. Com isso, o término da duplicação, que estava marcado para o fim do mês, foi adiado. "Ainda não trabalhamos com um novo prazo", diz Tanezini.
1 - INFRAÇÃO GRAVÍSSIMA
Retornar em local proibido é infração gravíssima, que rende sete pontos na carteira do motorista e multa de R$ 191,54. Esse tipo de infração é o sétimo mais frequente no DF, com 5.438 multas registradas em 2008, segundo levantamento do Departamento de Trânsito (Detran).
terça-feira, 28 de julho de 2009
Celular ao volante? De modo algum...
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Um bom texto sobre a Lei Seca
De Textos |
domingo, 26 de julho de 2009
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Coisas que não cabem no tempo da TV
terça-feira, 21 de julho de 2009
Tarifa não precisa pagar custo de transporte
- estabelece a distinção entre a tarifa de remuneração dos custos de operação do serviço e o preço público (tarifa pública) cobrado(a) do usuário,
- prevê a possibilidade de a diferença entre custos e receitas tarifárias ser coberta com receitas oriundas de outras fontes de custeio, e
- no caso de superávit tarifário, obriga sua aplicação no próprio sistema de transporte e mobilidade.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
É a economia, estúpido
domingo, 19 de julho de 2009
Sem integração
Curso para ciclistas no JN
sábado, 18 de julho de 2009
Ato amanhã no Eixão do Lazer
Carta de chamado a todos os Movimentos Sociais, indivíduos e organizações identificados com a luta contra a intimidação das pessoas não-motorizadas e a criminalização da luta pelos seus direitos.
(logo abaixo)
*********************
No próximo domingo, 19 de julho, a partir das 9h, no Eixão do Lazer, concentrando-nos no ponto onde tudo ocorreu, na altura do Setor Bancário Norte entre os dois viadutos próximos à rodoviária. Contando com a atenção do grande fluxo de pessoas que já circula por todo o Eixão, faremos uma Caminhada-Bicicletada ao longo do Eixão Norte durante a manhã para alcançar o máximo de pessoas possível. E depois seguiremos para uma genuína Bicicletada (Massa Crítica) ocupando no ritmo da vida e das bicicletas as vias motorizadas do Plano Piloto, espaço que nos é de direito, mas do qual somos sistematicamente expulsos. Trata-se, de mais do que tudo, de uma celebração do direito de circular livremente pelas ruas sem sofrer restrições econômicas, sociais, tecnológicas, políticas e menos ainda qualquer intimidação física por parte dos automóveis.
****************Haverá panfletagem, pintura de estêncil e intervenções urbanas, protestando contra o enquadramento que ganhou o caso do Renato Zerbinato na mídia e contra as ameaças constantes de motoristas a pedestres, ciclistas e usuários do transporte coletivo, no Eixão e em todo o Distrito Federal.
Estamos colhendo também todos os relatos que vêm aparecendo de outras pessoas que presenciaram carros trafegando pelo eixão nos domingos interditados ameaçando, em baixa e alta velocidade, crianças, pedestres e ciclistas.Pedimos que todos que já sofreram ou presenciaram acontecimentos deste tipo, relatem e enviem para o email: eixaosemcarros@gmail.com
**********************************************************************************************************************************************Realizaremos essa manifestação em decorrência do lamentável episódio do último dia 12 de julho, em que um motorista, depois de ter entrado em uma via interditada em que circulavam pessoas a pé e de bicicleta, mas nenhum outro carro, e ser abordado pacificamente por cinco pessoas que solicitaram apenas que retornasse, avançou com seu carro sobre elas. Essa franca tentativa de intimidação gerou uma ação descontrolada daquele que foi mais diretamente ameaçado, contra o carro. Entretanto, o foco da mídia que noticiou o caso se manteve em torno do “destempero da reação” e de informações falsas que sequer foram levadas adiante no inquérito, como a de que houve agressão ao motorista.
Entendemos que os resultados imediatos disso são: (a) invisibilizar e deslegitimar a primeira ação, não-violenta e em defesa de todos os pedestres que circulam pelo Eixão, coerente com a exigência de respeito irrestrito aos que circulam por todo o DF sem ter acesso às benesses de um carro particular, seja a pé, de bicicleta ou utilizando o transporte coletivo; e (b) apresentando-a pela metade, descaracterizar a reação à violência do automóvel que foi utilizado deliberadamente como uma arma para intimidar pessoas que dispunham tão-somente dos seus corpos para se proteger.
A fim de apresentar mais detalhes sobre o que tem motivado esse ato, em sintonia com o que tem motivado nos últimos anos a atuação desses e de outros ciclistas envolvidos em diversas formas de atividades políticas, segue o texto abaixo.
Um dos apoios espontâneos que recebemos foi do cientista político Gustavo Amora. A mensagem e o apoio do Gustavo têm um significado especial, pela sua luta contra um caso de racismo, em que teve que enfrentar um arraigado preconceito institucional, que ocorre quando a condição de marginalização de parte da população é reproduzida não por uma “crueldade” subjetiva, por haver “pessoas más” ou “mal-intencionadas”, mas pelo próprio funcionamento “normal”, ou tendencial, das grandes instituições, como a polícia, o sistema legal, a mídia.
O racismo institucional, ou preconceito institucional de raça, é, apesar de ainda muito menos do que deveria, de certa forma discutido. O mesmo não acontece claramente em termos do preconceito institucional que atinge os ciclistas (mas na verdade, são os usuários de bicicleta de todo tipo, inclusive os que dificilmente se veriam como “ciclistas”, os pedestres talvez mais do que todos, e também os usuários de transporte coletivo, enfim, os “não-motorizados”). Em suma, trata-se de um “motorismo institucional”, segundo o qual cada pessoa deve vir agarrada a um motor para assegurar seus direitos básicos à circulação, cultura, educação, saúde, lazer, também para ser respeitada, para sentir-se realizada e claro, ser considerada uma “pessoa de bem”.
Em relação ao nosso caso, nos dão um alívio inicial algumas mensagens que têm chegado por significar que outras pessoas já se deram conta de que travaremos uma luta contra um veredito prévio, onde os atos cometidos e as punições devidas pareceram já estar determinados antes da averiguação dos acontecimentos. Sentimos isto muito na reação difusa em várias listas de discussões e debates. Vimos as opiniões começaram mudar com a apresentação de uma nota de esclarecimento do Renato Zerbinato. No entanto, são poucas as pessoas que têm acesso a essas listas, e se dispõem a ver os detalhes de um segundo lado da história.
Está cada vez mais claro que se assistirmos sentados a tudo passar prevalecerá a versão que tende automaticamente a prevalecer, mesmo que para isso sejam incorporados fatos da versão do motorista (que desde então já se modificou algumas vezes) que não existiram, e omitir outros que comprovadamente ocorreram e terão que vir à tona.
Dois deles se destacam:
1) O primeiro fato, que está sendo jogado para quinto plano (primeiro pela polícia quando falou em em "dano qualificado por motivo fútil ou egoístico", e em seguida por alguns veículos de comunicação e por algumas das opiniões que sem outra fonte de informação seguiram o que viram nos jornais) é a tentativa de atropelamento e o quanto isso muda todo o quadro de punições, imputações legais e opiniões manifestadas pelo público em geral. O delegado ignorou expressamente este atentado ao qualificar o dano ao carro por "motivo fútil", ao não autuar o motorista pela evidente infração ao Artigo 170 do Código de Trânsito(a multa que recebeu foi em relação ao Art. 187, que não prevê suspensão do direito de dirigir) e não ouvir as quatro testemunhas que confirmavam a versão do ciclista Renato, enquanto os veículos de comunicação não questionaram, em benefício da população do DF, a "futilidade ou não do motivo", bem como a referidaausência de punição ao motorista pela infração ao Art. 170 do CTB.
Por isso é fundamental levantar a discussão em outros ambientes, outros grupos e movimentos, e convocamos os cidadãos de Brasília, bem como seus grupos organizados e Movimentos Sociais para uma manifestação pública para recriminar de uma vez por todas a tolerância das autoridades à barbárie contida na utilização de um veículo de 1600 kg e sua centena de cavalos de potência para intimidar um corpo humano de 70 kg, simplesmente para garantir mais espaço e um direito duvidoso à fluidez do tráfego de carros.
2) O outro fato é que não houve agressão física, e o próprio Renato, aquele de nós que foi mais diretamente ameaçado, foi autuado apenas por dano à propriedade.
O Renato soltou em algumas listas e também no blogue da Bicicletada uma carta aberta:
http://bicicletadadf.blogspot.com/2009/07/nos-chamamos-policia-no-eixao-do-lazer.html
Nela reforça e esclarece esses dois pontos, e evidencia a brutal e injustificada diferença de tratamento dado a nós (ciclistas) e ao motorista.
Para quem ainda não viu o que saiu na mídia logo após a tentativa de atropelamento, foi isto:
http://www.emtemporeal.com.br/index.asp?area=2&dia=13&mes=07&ano=2009&idnoticia=80933
http://dftv.globo.com/Jornalismo/DFTV/0,,MUL1227587-10041,00-MOTORISTA+INVADE+EIXAO+EM+PLENO+DOMINGO.html
A repercussão junto a muitas pessoas gerou a opinião de que um grupo de ciclistas atacou um carro assim que ele entrou no Eixão, sem abrir diálogo com ele e informá-lo de porque não poderia trafegar ali, e imediatamente atacaram o veículo. Todos os que estávamos lá insistimos que nada nesta versão se sustenta,cientes de tudo o que vimos e fizemos.
Decidimos assim por imediatamente levantar esses pontos junto às várias listas de discussões e fóruns virtuais em que se vem discutindo o assunto, em Brasília e pelo menos mais sete cidades, além de algumas listas e fóruns nacionais, conscientes de que a discussão sobre o assunto deve seguir enquanto tais informações amplamente apuradas, divulgadas e debatidas. E decidimos partir prontamente para os atos públicos porque muita gente só teve acesso ao que saiu até agora nos jornais.
A disposição para fazer um ato público já foi levantada desde o primeiro momento na lista da Bicicletada. Outras manifestações de apoio à ação também foram feitas pessoalmente e precisaremos sem dúvida alguma da participação de todos que se revoltem contra uma diferença de tratamento naturalizada entre o motorista e nós, um punhado de ciclistas que agiu em defesa de todos os pedestres, ciclistas, deficientes, crianças e idosos que circulam pelo Eixão e que poderiam ter sido vítima, ainda que involuntária, de uma atitude francamente irresponsável de seguir trafegando por uma via interditada.
Precisaremos e busco com este email o apoio de pessoas e movimentos a partir da Bicicletada e do Bicicleta Livre, os existentes na UnB que já se identificam com estes grupos e os demais, os movimentos existentes fora dela, através dos CMIs, dos Grupos Autônomos e de outros movimentos que lutam contra a invisibilização de ações em defesa de direitos coletivos e o preconceito institucional, isto é, que se dispõem a lutar contra a determinação prévia de inocentes e culpados por sua condição social de não-motorizados.
Tem sido gritante a desproporção na defesa dos direitos de um e de outros. Chama a atenção a desproporção na punição de um ato contra a vida e de outro contra a propriedade, que, ainda que seja recriminado como ato violento, definitivamente se deu em um contexto de auto-preservação. Entendemos que mesmo parte da opinião majoritária de condenação irrestrita do uso da violência terá que se sensibilizar contra o ocultamento do atentado à vida do Renato, da nossa e, em última instância, da ameaça a todos os/as usuários/as do Eixão do Lazer.
Isto é importante, pois nos últimos dias têm surgido vários depoimentos que confirmaram ter presenciado carros trafegando criminosamente por uma via onde circulam todos os domingos ciclistas, pedestres, deficientes, idosos e MUITAS crianças, para quem pouco ou nada importa se os carros atingem 90 km/h ou "apenas 40".
Pedimos a presença e solicitamos que divulguem o mais amplamente possível em suas redes sociais e listas de discussão o ocorrido e as repercussões, a começar por esta manifestação geral. Às pessoas de outras cidades, peço que continuem dando publicidade ao ocorrido enquanto não surjam novas evidências a disposição para punir o motorista irresponsável que segue ileso em seu direito de ameaçar outros pedestres.
Reiterando portanto:
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Ato pela Inviolabilidade dos Corpos no Trânsito Motorizado
No próximo domingo, 19 de julho, a partir das 9h, no Eixão do Lazer, concentrando-nos no ponto onde tudo ocorreu, na altura do Setor Bancário Norte entre os dois viadutos próximos à rodoviária. Contando com a atenção do grande fluxo de pessoas que já circula por todo o Eixão, faremos uma Caminhada-Bicicletada ao longo do Eixão Norte durante a manhã para alcançar o máximo de pessoas possível. E depois seguiremos para uma genuína Bicicletada (Massa Crítica) ocupando no ritmo da vida e das bicicletas as vias motorizadas do Plano Piloto, espaço que nos é de direito, mas do qual somos sistematicamente expulsos. Trata-se, de mais do que tudo, de uma celebração do direito de circular livremente pelas ruas sem sofrer restrições econômicas, sociais, tecnológicas, políticas e menos ainda qualquer intimidação física por parte dos automóveis.
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Haverá panfletagem, pintura de estêncil e intervenções urbanas, protestando contra o enquadramento que ganhou o caso do Renato Zerbinato na mídia e contra as ameaças constantes de motoristas a pedestres, ciclistas e usuários do transporte coletivo, no Eixão e em todo o Distrito Federal.
Estamos colhendo também todos os relatos que vêm aparecendo de outras pessoas que presenciaram carros trafegando pelo eixão nos domingos interditados ameaçando, em baixa e alta velocidade, crianças, pedestres e ciclistas.
Pedimos que todos que já sofreram ou presenciaram acontecimentos deste tipo, relatem e enviem para o email: eixaosemcarros@gmail.com
--
Francisco Delano Melo Mourão
Estudante de Ciência Política - UnB
Apoiador do Grupo Bicicleta Livre e ativista da Bicicletada (Massa Crítica)
www.bicicletadadf.blogspot.com
sábado, 11 de julho de 2009
Se for dirigir não beba, mas se tiver pedalado...
Cerveja ajuda recuperação de atletas, diz pesquisa
O estudo "Idoneidade da cerveja na recuperação do metabolismo dos desportistas", divulgado nesta terça-feira, foi baseado em relatórios e pesquisas de especialistas em medicina, fisiologia e nutrição da Universidade de Granada, com o aval do CSIC. Segundo o documento, os componentes da cerveja ajudam na recuperação do metabolismo hormonal e imunológico depois da prática desportiva de alto rendimento, e também favorece a prevenção de dores musculares.
A tese é defendida pelo cardiologista e ex-jogador de basquete da seleção espanhola Juan Antonio Corbalán, medalha de prata na Olimpíada de Los Angeles/1984. O estudo foi realizado em dois anos e recomenda o consumo de três tulipas de 200 ml de cerveja (ou de 20g a 24g de álcool) para homens e duas para mulheres (10g a 12g) por dia - volume que os autores do relatório definem como moderado. De acordo com os pesquisadores, a cerveja contém 95% de água e é a bebida alcoólica com menor gradação (5% em média). Uma tulipa de 200 ml possui 90 calorias, o mesmo que um copo de suco de laranja.
Para chegar a essa conclusão de consumo na dieta de esportistas, os cientistas fizeram pesquisa com 16 atletas universitários com idades entre 20 e 30 anos, em boa forma física e que alcançavam uma velocidade aeróbica máxima (VAM) de 14 km/h. Além disso, todos deveriam ser consumidores habituais e moderados de cerveja, manter uma dieta mediterrânea, não ter hábitos tóxicos nem antecedentes familiares de alcoolismo.
Os testes foram feitos durante três semanas em baterias diárias de uma hora de corrida, sob calor de 35º, 60% de umidade relativa e duas horas de pausa para hidratação. Nesse intervalo os atletas bebiam água ou cerveja (máximo de 660 ml), alternando as bebidas em cada pausa de hidratação para comparar resultados.
A conclusão foi de que a cerveja permitia recuperar as perdas hídricas e as alterações do metabolismo tão bem quanto a água. Os cientistas usaram parâmetros indicativos como: composição corporal, inflamatórios, imunológicos, endócrino-metabólicos e psico-cognitivos (coordenação, atenção, campo visual, tempos de percepção-reação, entre outros) para comprovar que o álcool não afetava a atividade de hidratação.
O estudo destaca ainda que a cerveja contém substratos metabólicos que substituem algumas substâncias perdidas durante o exercício físico como aminoácidos, minerais, vitaminas e antioxidantes.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Eduardo Vasconcellos e a regulamentação do mototáxi
Engenheiro e sociólogo diz que modelo brasileiro de políticas para motocicletas copia o que existe na África e na Ásia pobre
Para Eduardo Vasconcellos, regulamentação do mototáxi sinaliza domínio do discurso de que moto liberta os mais pobres
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Há cinco anos, a OMS (Organização Mundial da Saúde) fez um alerta mundial para os riscos do avanço das motos nos países em desenvolvimento. O engenheiro e sociólogo Eduardo Alcântara Vasconcellos, 56, que participou como representante brasileiro no relatório da entidade, avalia que as recomendações tiveram um efeito "zero" -e que um dos exemplos da situação no Brasil é a regulamentação nacional da atividade do mototáxi.
"O discurso de que a moto gera emprego e liberta o pobre, essa demagogia é mais forte", diz. "Importamos o pior do que já existe na África e na Ásia pobre, de uma maneira populista e irresponsável", afirma ele, que tem pós-doutorado na Universidade de Cornell (EUA) e é assessor da ANTP (associação de transportes públicos):
FOLHA - Quais serão os impactos da regulamentação do mototáxi?
EDUARDO ALCÂNTARA VASCONCELLOS - É inegável que a moto é um veículo muito perigoso. De cada dez acidentes com moto, sete têm vítimas. De cada dez com carro, um tem vítima. Se acrescentar a isso a possibilidade de alguém na garupa, aumenta o problema porque a condução de uma motocicleta é influenciada pelo peso e pelo comportamento do passageiro. Dado o apoio amplo e irrestrito do governo federal à indústria da motocicleta, haverá um incentivo muito forte para a proliferação do mototáxi.
FOLHA - Que apoio é esse?
VASCONCELLOS - O governo facilitou a ida da indústria para a zona franca de Manaus. Tem um subsídio muito alto. Agora, com a crise, o governo também reduziu o IPI da motocicleta. Além disso, a moto que entrou no Brasil é altamente poluente. O governo não exigiu que a indústria adaptasse os motores. É uma licença para poluir com um custo social enorme. Nós importamos o pior do que já existe na África e na Ásia pobre, de uma maneira populista e irresponsável.
FOLHA - Por que populista?
VASCONCELLOS - Porque a moto disfarça, esconde os impactos verdadeiros e trabalha habilmente com a ideia de progresso. O discurso é por ser geradora de empregos. O mais irônico e trágico é que ela fala que é a libertação dos mais pobres.
FOLHA - A regulamentação do mototáxi, ao fixar regras claras, não é melhor do que deixar como está?
VASCONCELLOS - É um falso argumento. As pessoas de mototáxi, mesmo com a regulamentação, estarão expostas a riscos muito altos. As características inerentes da motocicleta são um problema. Independe do capacete, por exemplo.
FOLHA - O mototáxi chegará com força às grandes metrópoles?
VASCONCELLOS - Nas grandes metrópoles vai haver uma resistência maior, porque o transporte público é mais farto. Mas nas áreas periféricas delas vai surgir com certeza. Existem deficiências estruturais na oferta do sistema de ônibus, na qualidade, a tarifa é muito alta em vários lugares. Tudo isso é um incentivo pra pegar um mototáxi.
FOLHA - O que mudou desde 2004, quando a OMS apontou a preocupação mundial com as motos?
VASCONCELLOS - Nada. Não teve nenhuma repercussão. Zero. O discurso de que a moto gera emprego e liberta o pobre, essa demagogia é mais forte.
Esses processos de entrada de tecnologia sem nenhum cuidado se assemelham a processos de seleção natural. Infelizmente. Os mais fracos, os mais ignorantes dos riscos, vão pagar um preço altíssimo na ilusão de que é uma coisa boa.