sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Tiro no pé

O Governo do Distrito Federal apresentou ontem o projeto para aumentar a oferta de vagas de estacionamento em áreas críticas de Brasília. A ideia, que certamente agradará tantos quantos sofrem com a escassez de vagas, embora desagradando os que exigem a destinação de espaços públicos gratuitos para estacionar seus veículos privados, encerra uma contradição fundamental que foi até agora ignorada na cobertura da chamada grande imprensa.

A grande demanda por estacionamento é reflexo do alto grau de dependência do uso do automóvel de que nossa cidade padece. Outras cidades mundo afora, que enfrentaram o problema e alcançaram bons resultados, tiveram sucesso porque trabalharam duro para reduzir a demanda, combinando medidas restritivas ao automóvel com a universalização do transporte público de qualidade. Em larguíssima medida, os recursos obtidos com a cobrança de taxas pela circulação e/ou estacionamento de automóveis são revertidos para os investimentos no transporte público coletivo e nos modos não motorizados.

O projeto para Brasília divulgado ontem foi concebido para fazer exatamente o contrário. O que foi apresentado como um grande atrativo - os recursos virão exclusivamente da iniciativa privada, que explorará o negócio para reaver, obviamente com lucro, os valores investidos - significa a necessidade de atrair ainda mais viagens por automóvel para assegurar a remuneração do sistema. E a bola de neve vai crescendo...

(para mais sobre o assunto, sugiro a leitura de uma dissertação de mestrado que analisou o finado "Vaga Fácil")

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