Por muito tempo eu não consegui me aproximar de Beth e Pérsio, creio que porque não saberia o que dizer a eles. Admirava em ambos a força que tiraram da dor e acho que temia me sentir pequeno diante dos dois – talvez, sei lá, porque também tenho um Pedro, 14 anos mais novo que o Pedro deles. (Não foi por isso que deixei de atender a um convite de Pérsio para uma discussão no IPEA – de fato, naquele dia eu tinha aulas que não ia poder repor depois e lamentei muito não ter podido encontrá-lo em circunstâncias que certamente facilitariam a aproximação.)
Passou o tempo e eu os encontrei no dia 19 de junho deste ano, para uma conversa preparatória da Bicicultura. Maurício, presidente da Rodas da Paz, havia me chamado para essa reunião na Padaria Grão Mestre, na Asa Sul, e Beth me ligou para confirmar. Não sabia que era Beth Davison, só soube quando cheguei e encontrei ela e Pérsio. Não me senti pequeno, na verdade a gente cresce na presença deles.
Depois eu encontrei Beth na UnB, trabalhando duramente para construir a atividade concebida por outra batalhadora, a professora Maria Rosa, para marcar a Jornada Na Cidade Sem Meu Carro. Voltei a ter contato com ela agora, mais recentemente, profundamente comprometida com os preparativos finais da Bicicultura, nos quais eu não consegui me envolver como deveria.
Estive no evento apenas na abertura e na tarde/noite da sexta-feira, embora tenha acompanhado via amigos que foram mais assíduos. Mas foi o suficiente para constatar o quanto de Beth havia nele. Nada mais justo do que a homenagem que ela recebeu na cerimônia de encerramento.
Não sei como era Beth antes de 19 de agosto de 2006, mas sei que hoje ela sintetiza como ninguém a bicicultura (aliás, um nome que é outra bela síntese): seu desprendimento, sua dedicação e, acima de tudo, sua solidariedade são contagiantes. O mundo seria outro se nós soubéssemos promover no trânsito os valores que Beth semeia.
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