sábado, 17 de outubro de 2009

Uma mensagem de Lúcio Gregori

Li seu artigo Quem tem medo da Tarifa Zero? e não consegui postar o comentário abaixo.

Por isso ele segue aqui.

Parodiando uma vez mais Herivelto Martins em Que Rei Sou Eu?, pergunto: Que Conselho das Cidades É Esse?

Pobre de uma nação e seu povo que tem um Conselho assim.

Se, de fato, a retirada do assunto “gratuidade dos transportes” se deu por algo como “a Tarifa Zero pode levar pessoas que fazem pequenos deslocamentos a pé ou de bicicleta a fazê-los de ônibus, onerando o sistema com novas e desnecessárias viagens” é de pasmar. Até os elementos do reino mineral sabem que um sistema de ônibus, gratuito ou não, é dimensionado para as horas de pico, o que acaba determinando o seu custo. No entre pico a frota é menor. Ponto.

Recomendo aos zelosos conselheiros que leiam a monografia publicada pela Fundação João Pinheiro, de autoria do prof. João Luís da Silva , que faz um estudo econométrico/matemático sobre a tarifa zero e conclui que ela torna o sistema mais eficiente e, proporcionalmente, mais barato que o sistema tarifado.

Mas como não dá para levar a sério tanto disparate, essas considerações do Conselho das Cidades me fazem lembrar uma crônica que li. Nela, o autor sonhava que aqueles que têm proposições que infernizam a vida de milhões de pessoas, deveriam passar o resto de suas vidas às voltas com elas. Caso, por exemplo, do atendimento automático de telefone que fica tocando um musiqueta com propaganda e aí, a linha cai. Ou os saquinhos de supermercados que são dificílimos de desgrudar uma face da outra, e assim por diante.

Pois penso o mesmo com relação aos ilustres membros do tal Conselho das Cidades, tendo em vista suas proposições sobre a tarifa zero.

Eles deveriam passar o resto de suas vidas em Hasselt na Bélgica, onde existe a tarifa zero no sistema de ônibus, entrando e saindo dos ônibus gratuitos a cada um ou dois quarteirões ou até mais um pouco, para verificarem interminavelmente que:

1- Os seres humanos inteligentes não fazem isso.

2 – Graças a essa inteligência, em Hasselt não existe Conselho das Cidades e o sistema de tarifa zero implantado em 1997, transporta hoje 1300% de passageiros a mais e com uma mobilidade invejável. O que jamais atingiremos nas cidades brasileiras, graças aos nossos atilados conselheiros urbanos.

Como diz um colunista: Pode?

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dia do Ciclista no DF

Segue abaixo mensagem recebida de Renato Zerbinato:

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Caro Ciclista

Você que vive reclamando das condições de pedal em Brasília;
Você que se revolta a cada ciclista atropelado;
Você que vive sonhando com ciclovias e paraciclos;
Você que gostaria de saber da real situação do Plano Cicloviário;
Você que acha que os carros não respeitam o ciclista;
Você que acha que pedalar em Brasília é um suicídio;
Você que acha que poderia ir para o trabalho pedalando, se houvesse condições;
Você que diz que ninguém faz nada pelo ciclista;
Você que acha que todas as manifestações em Brasília caem no vazio;
Você que acha que tudo que está sendo feito para o ciclista está errado;
Você que não vê nenhuma solução para o caos do trânsito;
Você que não acredita que a bicicleta será uns dos melhores meios de transporte nas cidades futuramente;
Você que espera não dar para seus filhos e netos um ambiente devastado e poluido;
Você que sonha há muito tempo e nunca viu nada acontecer;
Você que já desistiu;
Você que já chorou;
Você que já gritou;
Você que não foi ouvido.......

CHEGOU A SUA HORA!

Venha participar da Palestra do Dia do Ciclista!
Dia 21Out2009, às 19:30h, na Sala Águas Claras do Centro de Convenções Ulisses Guimarães.

Com a participação de: DETRAN DF, PEDALA DF, RODAS DA PAZ, PEDAL NOTURNO DF.

Agora é a hora de você mostrar a sua cara!!!!

É a hora de você saber o que está se passando com as nossas ciclovias.
É a hora de você saber o que pode e o que não pode fazer um ciclista no trânsito.
É a hora de você saber quais as ações defensivas que você como ciclista deve realizar.
É a hora de você saber qual é a atual política de paraciclos e bicicletário de Brasília.
É a hora de saber onde fica a bicicleta nas mais de 1.900 obras que estão sendo realizadas em Brasília.
É a hora de saber o que os órgãos constituídos estão fazendo em prol da bicicleta.
A hora é agora!!!

Depois não adianta ficar "reclamando para as paredes".
Em matéria de ação pública ninguém consegue fazer nada sozinho.
Vamos juntar as mãos para uma causa que está nos nossos corações.
Venha ombrear conosco!!!
Não se omita!!!! A hora é agora!!!

Participe da Palestra do Dia do Ciclista mandando um e-mail para mabrafi@brasil23.com.br com Assunto: Palestra e seu nome completo no Texto.

A Sala Águas Claras no Centro de Convenções têm apenas 270 vagas.
É muito pouco para a quantidade de ciclistas que deseja participa ativamente das mudanças de paradigmas.
Por nós que aqui estamos e por todos que nos antecederam e não perderam o poder de sonhar.
Vamos mostrar a nossa força e a nossa união!
Para mais informações visite o site do Rodas da Paz: www.rodasdapaz.org.br
ou o site do Pedal Noturno DF: www.pedalnoturnodf.com.br
Na Semana do Ciclista quem apita mais alto é a bicicleta.
Contamos com vocês...
Um grande abraço

Marcelino Brandão Filho
Kátia Rodrigues
Ronaldo Martins Alves
Beth Davison
Renato Zerbinato

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Quem tem medo da Tarifa Zero?

Começou hoje e vai até a quinta 15/10 a 22ª. reunião do Conselho das Cidades, tendo a Mobilidade Urbana como tema central. Na parte da manhã, os conselheiros assistiram à ótima exposição do "Tema de conjuntura: A Crise da Mobilidade Urbana no Brasil", feita pelo Prof. Rômulo Orrico, da COPPE/UFRJ e atual subsecretário de transportes da cidade do Rio de Janeiro.

No debate após a exposição, quando Prof. Rômulo já havia seguido para embarcar de volta para o Rio, a Tarifa Zero foi mencionada como uma possibilidade a ser considerada na discussão sobre o financiamento do transporte público urbano. Era apenas isso - a Tarifa Zero como uma entre várias alternativas, para um tópico (financiamento) dentre muitos levantados na exposição.

Mas o que chamou minha atenção foi o argumento usado para tirar o assunto da mesa. Alguma coisa como "a Tarifa Zero pode levar pessoas que fazem pequenos deslocamentos a pé ou de bicicleta a fazê-los de ônibus, onerando o sistema com novas e desnecessárias viagens". Lembrei-me imediatamente do que ouvi de Lúcio Gregori num evento em 2007. Provocado por uma colocação semelhante à do colega nesta manhã, ele disse não conseguir ver como alguém ficaria andando de ônibus para um lado e para o outro, só porque é de graça.

Saindo do anedótico, acho que o que os membros do Conselho e os técnicos do Ministério das Cidades precisam mesmo encarar são os dados da realidade. Se, com a Tarifa Zero, um ou outro pedestre ou ciclista passar a fazer seu pequeno percurso de ônibus, isso não pode tirar o mérito que a medida carrega, de permitir a universalização do direito à cidade - do qual estão hoje privadas as milhares de pessoas que caminham quilômetros e quilômetros porque não têm dinheiro para pagar a tarifa do transporte público.

É disso que estamos falando - da universalização do acesso a um serviço público, das políticas de inclusão social no mundo real. E seria muito bom que o Ministério das Cidades levasse essas coisas a sério. Muito melhor do que a atitude indolente (com licença, Prof. Boaventura de Sousa Santos) de descartar sumariamente propostas que vão de encontro à lógica do mercado.

domingo, 4 de outubro de 2009