domingo, 19 de dezembro de 2010

No trânsito como na vida

O jornal Correio Braziliense de hoje trouxe uma página inteira dedicada ao tema do comportamento no trânsito. Na edição impressa, há um artigo do Prof. Hartmut Günther que merece, em minha opinião ser socializado não apenas entre os assinantes do jornal. Aí vai:

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Imagens recentes da Linha Vermelha (EPTG) - o rodoviarismo levado a sério

Outra mensagem recebida de Uirá Lourenço. Na anterior, Uirá destacou a dependência do automóvel. Nesta, mostra o descaso para com as pessoas sem motor:


A Estrada Parque Taguatinga (chamada pelo governo de Linha Verde) revela, todo dia, a verdadeira cor.

Pedestres caminham pela EPTG, sem direito a calçada  (18/11/2010)

Pedestre se equilibra ao andar pela Linha Vermelha sem calçada (15/12/2010)

Pedestre obrigada a andar sobre a via. EPTG começa a ser gramada e continua sem calçada. (7/12/2010)


 Ciclista passa pela EPTG, que foi ampliada sem a ciclovia projetada e nem qualquer sinalização de alerta e proteção voltada aos usuários de bicicleta (14/12/2010)


Alto limite de velocidade em rodovia com perfil de via urbana (13/12/2010)

Resultado da pressa motorizada (16/12/2010)

Colocação de grama ao longo da via. Será que, enfim, surgirá a Linha Verde? (13/12/2010)

 Via ampliada, sem calçada, e ponto de ônibus sem abrigo. A faixa de pedestre ainda estava por lá (9/12/2010).

 Faixa eliminada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) – 13/12/2010

 Mulheres atravessam sobre faixa recém-eliminada pelo DER (14/12/2010)

 Mal dá para ver a passarela mais próxima. Haja disposição para caminhar tanto, sem calçada nem sombra. (14/12/2010)

 Pedestres aguardam pacientemente para conseguir atravessar (16/12/2010)

 Passageiros descem do ônibus e correm para chegar vivos ao outro lado da via (16/12/2010)

 Pedestres viram atletas para se manter vivos na Linha Vermelha, no local em que a faixa de pedestre foi apagada pelo DER (16/12/2010)


- Alguns comentários:
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) apagou, recentemente, as faixas de pedestre que existiam. Para garantir a fluidez motorizada, pôs a vida de centenas (ou milhares?) de pessoas que passam a pé pela via diariamente. Essas pessoas foram consultadas antes?
O órgão de trânsito informa que os pedestres devem atravessar nas passarelas. O sujeito teria que andar mais de 1 km no trajeto de ida e volta entre a ex-faixa e a passarela. Os gestores do DER acreditam mesmo que o pedestre se sujeitará a caminhar por, no mínimo, 30 minutos sob sol ou chuva e sem calçada para usar a passarela? Algum técnico do órgão avaliou a situação dos locais onde as faixas foram apagadas?
Um detalhe interessante: com exceção de alguns “distraídos”, os motoristas já estavam habituados a reduzir e parar durante a travessia dos pedestres nas faixas. Mesmo com a extinção das faixas, os pedestres continuam atravessando nos locais e muitos motoristas civilizados param e permitem a travessia. Ou seja, o órgão de trânsito está contribuindo para a extinção do hábito de respeito ao pedestre (Brasília não era exemplo de respeito à faixa?).
Concordo que, numa rodovia cujo limite de velocidade é 80 km/h, a simples colocação de faixas não é alternativa mais sensata. Mas uma medida simples, que não precisaria de longo planejamento e grandes gastos, ajudaria muito na segurança dos pedestres e motoristas: faixas de pedestre associadas a semáforos com botões e pardais. Umas quatro ou cinco intervenções dessa ao longo de toda a EPTG já seriam um grande serviço prestado pelo DER. Em vez de, autoritariamente, apagar as faixas e inibir a circulação de pedestres, o órgão de trânsito deveria garantir segurança aos pedestres, conforme preveem o código de trânsito e as leis distritais.
A EPTG é uma rodovia com perfil de via urbana. Não precisa de estudo sofisticado para constatar isso. Basta passar por lá e observar alguns minutos a enorme quantidade de pessoas que andam pelo local e precisam atravessar a via, para ir ao trabalho, à escola ou outra atividade.
Esse tipo de atitude do órgão de trânsito só desencoraja, ainda mais, o transporte a pé, por bicicleta, e o uso de transporte coletivo. Ou será que um sujeito que passa por tamanho desconforto e risco não passará a usar carro ou moto assim que tiver condições financeiras?
Fica o apelo para que o Governo do Distrito Federal elabore e execute um plano de ação para garantir condições mínimas de segurança na EPTG. Assim, serão evitados outros acidentes e mortes na Linha Vermelha.


Código de Trânsito Brasileiro:
          Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:
     II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas;
          Art. 29, § 2º. Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.

DER retira faixas da EPTG e pedestres agora devem usar passarelas
  • 13/12/2010 - 18:34 | Trânsito
  • A partir de agora, somente as passarelas da Estrada Parque Taguatinga (EPTG) estarão disponíveis para a travessia dos usuários. Medida visa dar mais segurança aos pedestres na hora de atravessar a pista
O Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER/DF) informa que retirou as faixas de pedestres situadas na Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e que esses pontos de travessia deixaram de funcionar em caráter definitivo nesta segunda-feira (13).

A partir de agora, somente as passarelas da EPTG estarão disponíveis para a travessia dos usuários. A medida visa dar mais segurança aos pedestres na hora de atravessar a pista.

Ascom - DER/DF

domingo, 12 de dezembro de 2010

Outra boa medida

Creio que a população do DF tem tido percepção geral de que tudo anda meio parado por aqui, aguardando a posse do novo governador. Deve ser mais ou menos assim mesmo em qualquer lugar, mas por aqui o marasmo deve estar maior, pelas circunstâncias que todo mundo conhece.

No campo do trânsito, porém, a inapetência dos políticos parece estar fazendo bem. Há alguns dias eu elogiei aqui o esforço de cooperação que os órgãos locais de trânsito anunciaram (e agora já puseram em prática). O jornal Correio Braziliense de hoje traz outro sinal de que a vida inteligente no Detran-DF vai muito bem, obrigado, quando os interesses dos políticos se viram para outras bandas.

Trata-se da matéria que apresenta as faixas de pedestres como elas serão experimentadas nos próximos meses. A ideia é evitar que as pessoas fiquem encobertas por veículos estacionados quando elas precisam ser mais visíveis.

Não é exatamente uma novidade, se nós pensarmos logicamente, ou simplesmente se observarmos o que outros países já fazem desde tempos imemoriais. Só que ninguém fez aqui antes...

Silvain Fonseca, Marcelo Granja etc., parabéns!

"Jingle bells", ainda

"Jingle bells" foi o título que Eduardo Biavati deu ao ótimo texto que postou anteontem em seu blog. Entre as coisas que foram discutidas no próprio blog e em outros espaços por onde o texto circulou, me chamou a atenção o comentário de Victor Pavarino. (Ele lembra a piada da guerra contra os Estados Unidos, eu penso no cachorro que corre latindo atrás do carro e não sabe o que fazer quando o carro pára...)

Biavati destrincha muito bem os números do DPVAT e bota o dedo na ferida: os órgãos federais não têm projetos para gastar a dinheirama (do DPVAT e do FUNSET), mesmo se ela estivesse sempre disponível no orçamento da União. Verdade absoluta, mas há mais do que isso.

O Código de Trânsito Brasileiro diz:

Art. 320. A receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito.

Parágrafo único. O percentual de cinco por cento do valor das multas de trânsito arrecadadas será depositado, mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacional destinado à segurança e educação de trânsito.


Repararam? O parágrafo que cria o FUNSET pertence ao artigo que destina a receita das multas exclusivamente ao trânsito. Em outras palavras, não só a Polícia Rodoviária Federal, mas todos os estados e municípios que multam têm que aplicar 95% dessa receita em melhorias das condições de trânsito.

Será que é isso que acontece? Será que temos projetos para usar bem todo esse volume de recursos?

Enquanto isso, na Alemanha

Segue mensagem que recebi de meu colega, Prof. Hartmut Günther:


Prezad@s

Encontrei a seguinte notícia na revista Der Spiegel online (equiv. VEJA). Segue uma tradução.


0.12.2010

Prognose

Erstmals weniger als 4000 Verkehrstote

Unfall: Ein zerstörter Pkw im Dezember auf der Bundesstrasse 299 bei Berching
Zur Großansicht
dapd
Unfall: Ein zerstörter Pkw im Dezember auf der Bundesstrasse 299 bei Berching
Deutschlands Straßen waren 2010 so sicher wie nie zuvor. Das Statistische Bundesamt rechnet damit, dass die Zahl der Verkehrstoten erstmals unter 4000 sinken wird. Vor 40 Jahren starben noch mehr als fünfmal so viele Menschen. In einer Personengruppe werden jedoch steigende Zahlen erwartet.
Wiesbaden - Die Zahl der im Straßenverkehr getöteten Menschen werde auf Basis der Daten von Januar bis Oktober vermutlich auf etwa 3700 sinken, berichtete das Statistische Bundesamt am Freitag in Wiesbaden. Damit werde nach 2007, als die Zahl der Todesopfer zum ersten Mal unter 5000 lag, eine weitere Tausendermarke unterschritten.
Im Vergleich zu 2009 soll dieses Jahr die Zahl der Unfallopfer um mehr als zehn Prozent zurückgehen. Auch bei den Verletzten sei ein Rückgang um etwa sechs Prozent zu erwarten. Die Zahl der Verkehrstoten hatte im Jahr 1970 ihren Höchststand mit über 21.000.
Deutlich rückläufig ist auch die Zahl der Toten bei Verkehrsteilnehmern, die mit Zweirädern unterwegs waren. In den ersten acht Monaten fiel die Zahl der tödlich Verunglückten auf Mofas und Mopeds um 27 Prozent, auf Fahrrädern um 15 Prozent und auf Motorrädern um 11 Prozent.
Leider gibt es auch schlechte Zahlen: 2010 dürften laut Prognose mehr Kinder im Alter bis 14 Jahren im Verkehr ums Leben kommen. Von Januar bis August starben bereits 82 Kinder auf den Straßen. Das waren 34 Prozent mehr als im Vorjahreszeitraum Bei den 18- bis 24-Jährigen, die als Hauptrisikogruppe im Straßenverkehr gelten, ist dagegen erneut mit weniger Toten zu rechnen (minus 13 Prozent in den ersten acht Monaten).


TRADUÇÃO

Informação na foto: "Acidente: um carro de passeio destruído em Dezembro na via federal 299 perto da cidade de Berching

Prognóstico

Pela primeira vez, menos do que 4000 mortos no trânsito

Em 2010, as vias da Alemanha estavam seguras como nunca antes. O IBGE (da Alemanha) estima que o número de mortos do trânsito vai cair para menos de 4000 pela primeira vez. 40 anos atrás, morreram cinco vezes mais pessoas. Em um grupo demográfico, espera-se, entretanto, um número maior de mortos.

Wiesbaden (cidade onde fica o IBGE da Alemanha) - Baseados em dados de janeiro a outubro, o IBGE informou nesta sexta-feira que o número de mortes no trânsito provavelmente vai baixar para aproximadamente 3700. Desta maneira, depois de 2007 quando o número caiu para menos de 5000, mais uma vez haverá uma redução em mil mortos.
Em comparação ao ano de 2009, o número de mortos deve baixar em mais de 10%. No caso dos feridos, aguarda-se uma redução de aproximadamente 6%. O número de mortos no trânsito chegou ao seu ápice em 1970 com mais de 21.000 mortos.
Observou-se uma redução notável de mortos entre os que andam de veículos com duas rodas: Nos primeiros 8 meses, o número de acidentados fatalmente entre os que usa Mofas e Mopeds (uma espécie de bicicleta com motor até 50 cc) caiu por 27 %, de bicicletas caiu por 15% e de motos por 11 %.
Infelizmente há, também, números ruins: pelas estimativas, o número de mortos entre jovens com até 14 anos deve aumentar. Entre janeiro e agosto, já morreram 82 crianças nas vias. Isto representa 34 % a mais do que no ano anterior. Entre os da faixa etária de 18-24 anos, que são considerados o principal grupo de risco no trânsito, observa-se, porém, novamente um número menor de mortos (menos 13% nos primeiros oito meses).

[fim da notícia]

Cabe observar, que a população da Alemanha em 2010 é aproximadamente 80 milhoes de habitantes, em 1970, na ex-Alemanha Ocidental, aprox 60 milhões.

Abç
Hart