domingo, 21 de dezembro de 2008

Mobilidade e crise econômica

Faz tempo que eu não escrevo aqui, resultado do acúmulo de trabalho no fim do ano. Agora que estou de férias, receio que um assunto que eu quis comentar tenha acabado ficando velho. Mas não faz mal: mesmo velho, acho que ainda merece ser abordado, ainda que apenas brevemente, já que muita gente com muito mais bagagem já disse o que de mais importante precisava ser dito. Trata-se do derrame de recursos na indústria automobilística como receita para sair (!?) da atual crise econômica mundial.

Gostei muito de uma postagem no blog Óleo do Diabo. Isso já faz mais de um mês e eu espero que o blog tenha de fato engrossado o coro em defesa do uso da bicicleta. Mas governantes mundo afora continuam achando que a saída passa pelo estímulo à produção de veículos automotores. Desde as notícias comentadas ali naquela postagem, o governo brasileiro já anunciou mais novos benefícios (agora específicos para a produção de motos), os governos americanos (o atual e o próximo) debatem entre si e com o congresso o tamanho do pacote para salvar a GM, a Ford e a Chrysler, o governo canadense aproveitou o impasse e antecipou-se ao vizinho do sul, e assim vamos nós.

A pergunta que fica é: por que produzir carros é tão importante? Já não são suficientes as evidências dos prejuízos que essa forma egoísta e irresponsável (social, econômica e ambientalmente) de locomoção trouxe para nossa auto-proclamada civilização?

A quem ainda não conhece, recomendo a leitura da matéria intitulada "O totem do capital", escrita por Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa numa edição de abril de 2007 da revista Carta Capital. Quem também gosta de leituras menos comportadas já deve ter lido o excelente "Apocalipse Motorizado", de Ned Ludd (Conrad Editora). Se você ainda não leu, aí está uma boa dica para papai noel...

2 comentários:

Paulo Cesar disse...

Um amigo me lembrou que não foi só o mercado de motocicletas que foi impulsionado - houve também a redução do IOF para a compra financiada em geral e do IPI para carros populares.

miura disse...

A diferença é que no caso das motocicletas, ela é a origem da maior e catastrófica causa de mortandade no trânsito. E são tão óbvias as razões que só cegos não exergam. E existe uma lógica nisso, a financeira, a comercial. Se quem decide não valoriza a vida, reforça--se (estimula) a venda da arma. Para esses mais vale vender do que proteger (a vida).