segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Um espaço, vários assuntos - hoje, a CMT

Já faz algum tempo que eu tenho vontade de abrir um espaço assim, sem maiores pretensões, para falar de trânsito, naturalmente, mas também de outras coisas. Ainda queria elaborar mais um pouquinho, mas decidi colocar logo o blog no ar para manifestar meu protesto contra a iniciativa do Governo do Distrito Federal (GDF) de desengavetar e da Câmara Legislativa (CLDF) de aprovar o projeto de criação da CMT (Companhia Metropolitana de Trânsito). Principalmente da forma como ambos procederam.
Eu tive oportunidade de discutir as bases (ou a falta delas) da proposta em pelo menos duas oportunidades (numa audiência pública na Câmara Legislativa e num seminário promovido pelo Sindetran) e fiz uma referência crítica também em um artigo (intitulado "O trânsito em Brasília") que foi publicado no portal da UnB e em jornais de grande circulação. Mas a questão que se coloca agora é menos de fundamentos conceituais e mais de oportunismo irresponsável.
Durante a maior parte do ano, o GDF deixou morrer o debate e fingiu que a criação da CMT havia deixado de ser uma prioridade. Tudo isso para trazer de volta o assunto, pedindo urgência à Câmara Legislativa, exatamente quando os funcionários do Detran deflagram uma greve com pauta de campanha salarial. É uma tática semelhante à do ex-governador Roriz, que respondia a manifestações dos rodoviários distribuindo novas permissões a donos de vans.
Lamentável. Esperamos que a irresponsabilidade fique por aí e que os deputados distritais não aprovem o projeto no segundo turno.

8 comentários:

Unknown disse...

Olá Professor, mais uma ótima intervenção sua a respeito da CMT, opinião de quem entende de trânsito, e não de burocratas governamentais que usam o tema para se promover e levar o caos a nossa sociedade. mais uma vez somos gratos por sua intervenção. Abraços,

Rômulo Augusto - Sindetran

Unknown disse...

Prezado Paulo Cesar,

Lamentável a falta de compromisso do Governo Arruda com o Trânsito no DF. A aprovação da CMT é uma vergonha e um grande retrocesso para o DF. Temos inúmeros argumentos fortes contrários à CMT. A destruição do DETRAN e a implantação da indústria de multas interessa apenas a "alguns" aproveitadores que querem utilizar a Secretaria de Transportes para fins individuais.
Parabéns pelo blog.
Wilson Pereira.

Unknown disse...

COMENTÁRIOS MUITO BEM COLOCADOS, DE QUEM REALMENTE ENTENDE DE TRÂNSITO E QUE DEFENDE BRASÍLIA. O MAIS RIDÍCULO FOI VER O PRESIDENTE DA CÂMARA, SR. ALÍRIO NETO, E MAIS OUTROS 16 DEPUTADOS VOTANDO ESCONDIDOS NA SALA DE CAFEZINHO. VOCÊS FICARÃO MARCADOS NA HISTÓRIA DE BRASÍLIA E NA ESTÓRIA DA CLDF POR TEREM INSTALADO O CAOS NO TRÂNSITO DE NOSSA CIDADE.

Unknown disse...

A CMT só serve a interesses arrecadatórios, sem qualquer compromisso com o Trânsito no DF.
Parabéns pelo seu blog.
Paulo Zaad

miura disse...

Excelente, Professor!
Proporcionar-nos oportunidade para discutirmos, mesmo que de forma ligeira, essa questão tão evolvente que é o trânsito merece de início reconhecimento de que é real seu interesse e autentica suas manifestações. Quase nunca o cidadão comum (excluidos) é ouvido, e nem sempre tem como manifestar a suas insatisfações. Não é a toa que o trânsito é usado para desabafos agressivos das suas frustrantes vivencias. Cada um desabafa com o seu melhor instrumento. No caso do motorista é óbvio a facilidade com que faz isso usando sua armadura denominadas carro.
Bem, sobre a criação da CMT, cópia tosca de uma estrutura paulistana, está eivada de ilegalidades juridicas, impropriedades técnicas e latentes inconveniências que fatalmente eliciarão procedimentos irregulares. O "esforço" governamental de impedir os transtornos de uma greve de servidores do DETRAN, acaba misturando-se com outra discussão de cunho organizacional. Essa mistura de "alhos com bugalhos" acaba sobrando para o cidadão brasiliense que não deveria sofrer as consequencias. Enfim, toda paralização, parece, sempre sobra para o contribuinte. O Governo irresponsávelmente, usa essa oportunidade para apresentar um projeto de lei junto a Camara Legislativa Distrital, para em carater de urgencia apreciar, julgar, votar e aprovar. Sem nenhuma análise juridica, técnica ou economica, adequada, aprovam em 1º turno um "frankstein" juridico que envergonha até um estudante de direito, no seu primeiro semestre academico. Nessa linha, tambem a área economica e organizacional. E o problema, todos ligados a área sabem, são razôes "inconfessáveis" por tras dessas "bem intencionada" atitude dos mentores do projeto. E a Camara como quase sempre se presta ao papel de ratificador das intenções e vontades do Executivo. Que pena, o Distrito Federal perde e levará muito tempo para corrigir esse desastre da sua Administração Pública.

Victor Pavarino disse...

Ok. Os argumentos que ouvi até agora me fizerem tender pela não criação da CMT. Mas um dos saldos dessa discussão talvez seja mesmo a bola levantada sobre algo além da fiscalização eletrônica (a qual sempre fui a favor).

Não sei se é impressão, mas nunca vi tanta estupidez grassando nas vias de Brasília – conversões proibidas (e perigosas), motoristas cortando fila nos retornos, filas duplas (ou triplas) e uma série de barbaridades que demanda gente (e não apenas pardais) fiscalizando.

Mas tentando me colocar na posição de quem gere recursos públicos (o que não é o meu caso), sei que gente custa dinheiro. E se o salário de um agente é o que foi dito, imagino que esta equação não deve ser simples.

Unknown disse...

Parabéns pela iniciativa de criar este 'blog'e pela excelente análise do tema "aumento da velocidade".
Gostaria de acrescentar, apenas que, o que motiva a criação da CMT, não é a irresponsabilidade, mas o descarado desejo de favorescer empresários que lucrarão com essa empresa.

Sane Alessandra disse...

Prof. parabéns por disponibilizar seu conhecimento e sua competência em favor da coletividade, mais uma vez...Aguardemos o desenrolar do "processo" CMT na justiça.
SANE ALESSANDRA