quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A rua e nós

Estive ontem no Ato Público em Defesa da Liberdade de Organização e Autonomia Sindical, uma manifestação importantíssima para preservar a independência dos movimentos sociais e das entidades que eles constituem livre e legitimamente. Mas não é isso que eu quero comentar aqui - quero falar do que é o espaço das ruas e de como ele tem sido apropriado.

Costumo lembrar que desde que a humanidade registra sua história aparecem ruas. Segundo esses registros, é pelas ruas que as pessoas (vejam bem, eu disse pessoas) se deslocam, é nas ruas que as pessoas se encontram, que se faz feira, que as crianças brincam, que os adultos protestam. É assim há 10 mil anos. O automóvel, por seu lado, é um jovem de pouco mais de 100 anos. No entanto, não se pode falar em rua hoje em dia se não for para atender aos automóveis. E isso está tão entranhado em nós que parece até natural.

Voltando ao ato de ontem, impressiona a reação de alguns motoristas à presença de manifestantes na rua. O roteiro da curta caminhada (a maior parte do ato aconteceu nos estacionamentos dos ministérios do planejamento e do trabalho), que ocupou apenas duas das seis faixas que o Eixo Monumental tem em cada sentido, não deve ter provocado mais do que 10 ou 15 minutos de acréscimo no tempo de viagem de quem passava por ali. Será tão difícil assim conviver com o povo se manifestando nas ruas da capital da república?

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